Este blog contém erros no Internet Explorer.
Use FIREFOX, GOOGLE CHROME, OPERA ou SAFARI.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Magnólias, girassóis e rosas.

Em 2001, mergulhei de cabeça em um campo que ainda não havia me aventurado - o literário. Depois da primeira experiência com uma estória de ficção-fantasia infanto-juvenil, uma webcomic abordando o câncer e um terceiro e recente projeto tendo como palco minha cidade natal (Santos) na década de 20 (falarei mais a respeito em outros posts), escrevo atualmente meu quarto projeto pessoal: O LADRÃO DE ROSAS. Neste, tento uma narrativa mais rebuscada, usando uma linguagem menos coloquial e mais aproximada ao que o povo da terra de Vasco da Gama utiliza. Segue o prólogo.

"Ele puxou um punhado de rosas como jamais havia puxado.
Uma ou duas flores era corriqueiro e até compreensível, exceto para a dona da casa de jardim miúdo e furtado às pampas nos cinco dias últimos.
Chorosa justificativa levara o Ladrão de Rosas ao roubo maior, mais denso. Grave lástima havia para tantos espinhos a acotovelarem-se em sua palma e roubar-lhe o sangue da mão encrostada pela sujeira.
Em discrepância ao uniforme amarrotado e cinzento, o escarlate do arranjo despetalado e maltrapilho se destacava. Laçarotes e adornos não lhe pertenciam – dessemelhante aos comprados nas caras floriculturas da Rua Principal pela burguesia e suas altas notas.
Os olhos do Ladrão de Rosas perderam-se entre os pedregulhos da rua molhada, entre as folhas inquietas pelo vento, entre o passado e o presente. Entre o cheio e o vazio.
Amarfanhado entre as duas mãos, o pobre buquê tomou seu caminho sobre poças que explodiam como fogos de artifício após as duras pisadas das botinas velhas nas escarpadas vias de Magnólia. O trajeto era triste, desprazeroso. De mansões bonitas e floridas, porém ofuscadas em tal dia. A tempestade do quase fim da primavera batia à porta da cidade trazendo consigo um desgracioso vento que transformava as folhas ao chão em rodopiantes bailarinas. Suas danças descompassavam ao colidir em rostos dos mais variados tipos ou no lombo de cães vira-latas que tinham suas pulgas lavadas por águas ausentes há tempos. Enquanto segurava fortemente os caules espinhosos à mão esquerda, o Ladrão de Rosas tentava a todo modo livrar-se da casca suja que se dependurava em seu fardamento do orfanato – mangas meio rasgadas, surradas; calças curtas e justas à cintura. Sua cabeça, apertada pelo pequeno e conhecido gorro, denunciava um garoto abandonado da cidade. Um órfão do Abrigo Girassol, que nem girassóis tinha em seus jardins para que ele não carecesse roubar rosas de uma casa qualquer.
Sem olhar para os lados, seguiu seu caminho. Austero, cabisbaixo.
Rumo à tristeza."

Brevemente postarei o capítulo 1.

Um comentário:

  1. Oi Leandro..serei a primeira a comentar aqui rsrs.Primeiramente quero dizer que eu adorei seu blog,legal saber mais sobre o cinema,que eu sou totalemte leiga nesse assunto.Estava lendo seu novo projeto,como sempre é bem diferente dos outros que vc já fez.Mas parece
    ser triste tbm ;/.

    Ps:Quando termina-lo me avise que eu quero ler viu! rsrs
    bjos
    ;*

    ResponderExcluir